Dizem que uma criança quando “garra amor” pela terra, se transforma em um adulto que nunca mais consegue viver longe dela
É o caso da Sra. Laíde Rufino dos Santos…
Ela cresceu na “Fazenda Paraíso” em Cambará, onde aprendeu com seu pai, o Sr. João Rufino da Silva, a cultivar os próprios alimentos.
Ainda jovem, apaixonou-se pelo Sr. José João dos Santos (o Seu Zé), um homem dedicado e muito gentil, com quem teve doze filhos.*
Em 1971, chegam na comunidade quilombola do “Apepú”, em São Miguel do Iguaçu, quando começam a praticar a agricultura orgânica.
Anos depois, veio a oportunidade de cuidarem de uma área na “Vila C” que pertencia a Itaipu, com a condição de que a preservassem.
E o resultado foi surpreendente!
Além de não derrubarem nenhuma árvore, eles plantaram várias, drenaram o terreno, cuidaram das nascentes, limparam os córregos, etc.
É provável que a horta da Laíde seja uma das mais variadas da cidade (vide os comentários), além do agrião mais verdinho da fronteira.
Mas cuidar de tudo isso não é fácil…
As cinco horas da manhã as galinhas já estão esperando a Dona Laíde na porta de casa, ela veste a sua bota e segue feliz para a roça
Volta ao meio dia para descansar um pouco, preparar o arroz com feijão, ou uma sopa de mandioca e assistir a “Tribuna da Massa”.
Além de frutas e hortaliças, também produzem mel, doce de abóbora, pé de moleque, bala de banana, pão caseiro, entre outras delícias.
Mas sua maior contribuição para a natureza é o manejo constante do “Córrego Brasília”, são as mãos dela que o mantém vivo e respirando.
Esse córrego integra o corredor ecológico para onde migram os peixes do Lago de Itaipu até o Rio Paraná, na época da piracema
É comum retirarem entulhos como colchões, roupas, peças de carro e até uma TV antiga…
Como não amar essa “pisciana” com alta dose de humildade, empatia e amor ao próximo?
Mas apesar da sua contribuição, há anos ela é ameaçada de DESPEJO por parte da prefeitura municipal, a atual responsável pela área.
Uma injustiça!
A horta é a sua identidade, formada por meio de uma relação de dignidade com a natureza, a vida dela é uma genuína lição ambiental.
E hoje, dia 05 de janeiro de 2021 é uma data especial:
A horta da Laíde está completando 31 anos de resistência, produzindo alimentos sem veneno, colhendo alegria e consciência social
Em sua homenagem, ofereço um trecho do belo poema de Mano Zeu:
“Na sombra da árvore do humilde pomar
A gente sentado só a prosear
Em Foz do Iguaçu ganhou um amigo
Por isso Laíde tu conte comigo
Quem cuida da terra merece ficar…”


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